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Local: São Paulo, Sudeste, Brazil

Sou dona risada! adoro bike e apesar de mil caidas, ainda não desisti! Quero ficar bem velhinha, andando de bike, nem que seja de cestinha na frente. Adoro ficção e apesar disso tudo,sou formada em jornalismo. Tenho uma confecção de roupas para ciclistas e adoro fazer isso também.

27 junho 2010

Pedal Noturno em Rio Grande da Serra


PEDAL NOTURNO EM RIO GRANDE DA SERRA

A noite estava quentinha, até chegar em Rio Grande da Serra. Logo no trem, começou a bagunça, dividimos os grupos, para não encher o vagão, mas em Santo André, mais 3 bikers entraram.
Conversando com um amigo, pelo telefone, disse que já estávamos a caminho, e quando terminei a ligação, os meninos falaram: vcs vão pro pedal noturno???????????????? Nós também, assim, de repente, Fe, Tony e Thiago, entraram na roda.

Na estação final, 3 trens chegaram com nova carga-bikers e o Serjão, então,nos levou ao ponto de encontro... De cara, subida, pra esquentar. Ali, fazia uns 11 graus...

Chegamos à rotatória, e ao contarmos os bikers, surpresa agradável: éramos 58 loucos de pedra, numa temperatura bem baixa, com uma neblina e um orvalho fininho, que, à luz da lanterna, se transformava em chuvisco...
Quando alguém falava, a fumaça densa, saia da boca, e todos ríamos...

Pegamos então o asfalto gostoso, e o espetáculo mais incrível que eu já vi.... Uma serpente vermelha e piscante, de mais de 1 km, se distribuia no caminho, iluminando qual uma boitatá, com milhões de olhos de fogo, a estrada completamente escura....
Algumas lanternas foram acesas, mas a maioria dos ciclistas, queria mesmo, era aproveitar "la clair de lune"...
As árvores, como fantasmas envoltas em mistério, desapareciam na densa neblina, para de repente, magicamente, brilharem aos raios do luar, alto, da meia noite..

Assim que chegamos ao ponto de entrada,ou seja, o acesso à parte baixa de paranapiacaba, viramos à esquerda, e imediatamente, no meio de densa vegetação, tudo virou um breu.Pegamos então, a avenida Campo Grande que nos levou em direção à Quatinga. Vários de nós, então, acendemos as lanternas e o chão, apesar de terra batida, tinha todos os nuances de um terreno selvagem... paus, pedras, poças cheias de lama, buracos que a todo o momento, nos fazia desviar, e procurar uma outra rota, não mais fácil...

O barulho das marchas, nas subidas, parecia música sincronizada, e de repente nos víamos solitários naquela trilha... barulhos indefiníveis, cheiros adocicados, como única companhia.
Em lugares abertos, a luz da lua fazia de tudo, um brilho prateado, mudando as cores da natureza, por completo....
Algumas conversas, risadas, cantorias, do grupo de botucatu, davam um toque mais gostoso ainda, nesta trilha inigualável, mais ainda por ser noturna..

O chão, lembrava areia, em alguns lugares, tão densa, que a bike entrava e era dificil sair dela... Claro que teve um tombo, dois tombos, mas nada de grave...
Em alguns pontos, aquele nuvem de água fininha, grudava nas lentes do óculos e o calor desprendido do corpo, embaçava por completo. Era tudo parte de uma aventura, que poucos sabem dar valor.... a maioria, talvez nos chamasse de loucos, os que não pedalam, com certeza, diriam isso.

Chegamos na vila de Quatinga. Eram 3 da manhã e a pequena vila, parecia totalmente desabitada, com a neblina pouco densa, mas nos molhando até os ossos.... O frio tornou-se insuportável. As pontas dos dedos davam choque, ao tocar em qualquer coisa. Mão de morto, rs.... era mais quente....
Chegou todo mundo? Sim, mas duas desistências.... um pedivela quebrado e uma menina que nos abandona, por cansaço....

Vamos então para Taiaçupeba????
Toca o barco, ou melhor, toca a bike e mais um caminho todo de terra, cheio de subidas e descidas, com grandes valas e alguns desmoronamentos, que facilmente seriam vistos de dia, mas não aquela hora, e com o frio de encarangar até a bike!

No meio do caminho, um pneu furado... os meninos falam para eu ir e no final, virar à direita.... sigo...e de repente, me vejo num lugar ermo, e sem ciclista algum a vista.... penso: peguei caminho errado??? Mas a gente que está acostumado, não se aperta..liguei pra Regina e ela disse que estavam na igreja central de Taiaçupeba. To indo!! e de repente, escuto: não se assuste. Era um biker,o Roberto Cruz que,me alcançando, acabamos fazendo companhia um pro outro e chegamos à igreja. Fotos daqui e de acola... Vamos embora??? Vamos!!!!!!!! Mais um trecho de terra, pedras, lama, e a vegetação cheirosa da mata atlântica... e cadê o dia???
A Lua agora, aparecia única e perfeita no céu! Foi só falar e mais uma vez, aquele jato de água fininha, veio embaçar o óculos novamente!!! Valei-me nossa Senhora das Boas Pernas!!!! No final, o grupo, como sempre, dividiu-se.... os fortes, os mais ou menos, os mais vagorosos e sempre.... Fico no último, vou olhando tudo, como se fosse a primeira vez ou o primeiro quilômetro. É tudo lindo e tem que ser sorvido, pois será uma única vez, o adeus à noite, o bem vindo ao dia...
O ar começa a ficar mais frio ainda... quer dizer que o dia está chegando...
Enfim, chegamos à Mogi Bertioga. 5 da manhã e nada do dia... No entanto, a Lua se mostra, toda faceira, iluminando bem do alto, os ciclistas, as montanhas e até uma belissima cachoeira...

Para aguardar todo mundo, sentamos no chão, e a turma de botucatu, mais uma vez, fez serenata na estrada!!! Eita pessoal de bom humor!
Chegaram todos? Oba!!!!!!!!! Vamos soltar os freios.... e começa, a descida, desenfreada, louca, alucinada! Junto com a descida, os primeiros raios de sol, iluminam o horizonte, num vermelho carmim, que faz o coração da gente bater alucinadamente de felicidade incomensurável....
Pouco a pouco, o astro rei surge no horizonte, dispensando a Lua, que por minutos, briga com ele, por seu reinado que termina....

O sol invade o céu, pintando tudo e mostrando o colorido de nossas roupas.... Aos poucos, os casacos vão para as mochilas e a serpente invade a estrada, onde pouquissimos carros nos atrapalham de vez em quando...
Os olhos se enchem de lágrimas pelo vento forte, mas a mão no freio, pouco ou nada, é utilizada... Cheguei a 70 km, e quando cheguei ao final, já tinha 60% dos meninos lá embaixo..
Era hora de dizer adeus a alguns dos meninos... Eles iriam subir a serra, outros, para a rodoviária dali mesmo...
40 de nós, resolvemos tomar café na pousada do amigo do casal Stela, o Nika.

O Nika, e um caso a parte... vcs. acreditam que ele nos recepcionou com fogos de artificio??? Se vcs não, nem eu!!! Sem nos conhecer, abraçou-nos emocionados e nos ofereceu um dos melhores cafés da manhã que comi! Uma salada de fruta, magnifica e outros mimos, que serão recordados para sempre...

Chegou a hora da partida e mais uma surpresa! Marcelo Rudini, dono da Bikers Brasil estava lá, para dar um abraço para todos aqueles, que conversam com ele por internet, sem nunca tê-lo visto pessoalmente.... eu, uma delas!
E assim, sob um sol maravilhoso, um mar de infinita beleza, fomos,pela praia, até chegar à rodoviária...
5 de nós, voltamos para Sampa, enquanto o restante da turma, seguiu de balsa para o Guarujá e depois, o gran finale... Santos...

Até ali, a viagem foi uma coisa de sonhos... tudo o que um biker quer, ela teve... e olha, meus amigos queridos, Regina e César, que essa seja a primeira de muitas notúrnicas e primeira de muitas aventuras unindo tudo o que para nós, é o mais precioso dos tesouros: trilha, aventura e o ingrediente principal que, sem, nada podemos fazer: amigos
Obrigada!!!!!!
beijos

5 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Lembrando que quando chegamos em Taiaçupeba o termômetro do meu ciclocomputador marcou lindos 6.8 cº! Eeeeeita friozão bão! Ótimo relato Maia, parabéns! Beijos, Fábio.

28/6/10 10:29  
Anonymous regina e cesar disse...

Nunca ví um pedal com tantos nomes como este, já ouví por aí:
- Pedal Rave
- Pedalua
- Pedal sem noção de direção
- Pedal não faço ideia onde estou.
- Pedal esfriando, molhando, não enxergando mas: feliz.
É isso que dá juntar 58 louquinhos numa noite de lua cheia.
No mínimo 58 historias diferentes para se escutar.
Foi o primeiro pra não esquecer que quando queremos nós podemos.

Regina e Cesar Stella

29/6/10 14:34  
Blogger Unknown disse...

E o "Vagner"
(lembra o Perdido)rsrsrsr

Galera valeuuuuu muiiito bom mesmo
espero poder pedalar mais com vcs

abraços a todos

Vagner

30/6/10 15:02  
Blogger Unknown disse...

Já se passou uma semana, e ainda estou curtindo a aventura,lembrando dos momentos de medo, dificuldade, prazer, cantoria, frio frio frio, nossa foi tudo demais.
A recompensa foi entrar no mar com bike e tudo, foi a consagração!
Conhecemos muitas pessoas, fizemos sim novos amigos e reforçamos nossa amizade com o César e a Stella.
Gente, foi realmente inesquecível!
Edu Carrega - Cuesta bikers - Botucatu SP
http://www.cuestabikers.com.br/?p=1063

5/7/10 12:57  
Blogger UZZE BOTUCATU disse...

pedalar com um monte de paulistanos gente boa foi uma otima aventura ,cantar no meio da mata atlantica como se fosse um tropeiro, isso faz a magia da bike depois de algumas semanas a vontade de fazer denovo esse desafio vem a tona .....
cade o vagner !!!!

13/7/10 17:57  

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